sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Harmonização


Harmonização
Equilíbrio Perfeito entre o Vinho e o Alimento

Um dos grandes questionamentos a respeito do vinho refere-se à harmonização, a busca da combinação perfeita entre o vinho e a refeição.

A harmonização é a busca da fórmula mágica que irá nos fazer contorcer de tamanha satisfação. Lágrimas brotam involuntariamente, a boca permanece fechada mas mesmo assim continuamos a emitir sons guturais (hummmmmmmm!!!!!), fechamos os olhos e as imagens começam a ser exibidas a uma velocidade estonteante, os ouvidos ensurdecem e o silencio grita mais alto, tudo para que todas as nossa forças se concentrem nas informações que as papilas gustativas estão enviando suave e generosamente para o cérebro. As sensações do palato se transformação em um desfile imperial de informações. Praticamente quase todas as demais vias de acesso de informações ao cérebro são bloqueadas para que o cortejo das sensações gustativas desfilem até a sede administrativa de nosso corpo, o cérebro.

Você já participou de alguma refeição na qual esta descrição se encaixa perfeitamente? Procure se lembra.

A harmonização é um assunto muito complexo e entra na fronteira da preferência pessoal e das restrições alimentares. No caso das preferências pessoais nossos receptores identificam com uma sensibilidade incrível os alimentos que nos desagradam. O exemplo clássico é a cebola. Quem não gosta de cebola não só consegue identificar o seu sabor no conjunto como também por ironia do destino acaba recebendo no prato uma porção maior. Lembre-se de refeições com itens que você não goste. Estes itens tem uma atração platônica para conosco, vem sempre em maior quantidade nos nossos pratos pensando que nesta refeição conseguirão nos seduzir e mudar nossa preferência. Lêdo engano. Temos ainda o caso das pessoas que por opção e estilo de vida tornam-se abstêmios de determinados elementos, como as proteínas animais, por exemplo. Torna-se impossível a missão de harmonizar um suculento bife bovino com um encorpado vinho tinto. Não há vinho que harmonize com elementos que não amamos.

Outro extremo é o caso dos alimentos que ao serem ingeridos causam mal estar devido as nossas condições fisiológica. Exemplo são as intolerâncias a lactose e glúten. Como promover a harmonização em alimentos nos quais sabemos que irão nos causar mal estar e indisposições. Tarefa árdua e difícil.

A guisa de pequenas dicas despretensiosas seguem algumas informações para que possamos, em casa mesmo, fazermos nossas experiências e criar o nosso cortejo imperial. Basta tomar cuidado para que não façamos uma passeata na qual todos os sentidos reivindiquem melhores condições de trabalho.

O principal ponto de uma harmonização perfeita e saber em primeiro lugar saber escolher quem será o protagonista. Quem deverá ter o destaque, o vinho ou o alimento. Eu quero degustar um vinho e buscar uma refeição que o complete ou eu tive uma vontade de uma determinada refeição e com isto buscar o vinho que a complete.
Os aspectos destoantes do vinho devem ser corrigidos pelo alimento.

A cor da proteína determina a cor do vinho ou vice versa. Carnes e queijos claros, peixes, queijos frescos nos quais predominam cores claras o vinho deverá também ser claro, logo um vinho branco jovem e leve. Para vinhos tintos encorpados e intenso uma proteína escura, carne de cordeiro, bovina ou queijos, azuis e envelhecidos. A teoria é que na prática um sabor não sobreponha ao outro. Deve ocorrer a harmonia entre os elementos.

O molho funciona como curinga ou agregador. Dependendo do molho a proteína leve pode se tornar complexa ou a proteína mais complexa pode se tornar mais leve.

Acidez elevada dos alimentos torna os vinhos de baixa acidez sem graça. Deve se ter parcimônia com condimentos e a elevação da acidez dos alimentos.

Dulçor e acidez equilibram a pungência dos alimentos.

Acidez e o álcool reduzem a untuosidade da boca promovendo a sensação de boca limpa.

Alimentos amargos acentuam os taninos. Daí surge o cuidado com alimentos amargos tais como alcachofra, jiló, berinjela.

Alimentos doces acentuam o amargo dos vinhos secos.

O sal realça o tanino. Um dos grandes vilões são a azeitona e o molho shoyo, mas na verdade estes elementos tem alta concentração de sal.

A pimenta realça o álcool.

Condimentos fortes realçam o tanino.

Proteínas reduzem a tanicidade. Daí a harmonia prefeita entre vinhos encorpados e carnes suculentas.

Quando algum alimento apresenta alguma distorção, o melhor “antidoto” é comer um pouco de arroz branco ou pão branco antes de beber o vinho.


Espero ter contribuído um pouco sobre este assunto e para quem quiser aprofundar no assunto segue a sugestão de leitura do livro, Comida e Vinho Harmonização Essencial, em sua 4ª edição, dos autores José Ivan Santos e José Maria Santana.